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segunda-feira, 2 de fevereiro de 2015

Público é de todos, privado é de alguns


Tal como aconteceu com o encerramento de estações dos correios antes da sua recente privatização, a estratégia neoliberal rumo à privatização dos setores essenciais e estratégicos da economia (com prejuízos para a grande maioria das pessoas) é bem conhecida.

A CP-Comboios de Portugal decidiu suprimir comboios na Linha de Cascais desde o dia 18 de janeiro último. De fato, os moradores da Linha, deparando com novos horários de circulação, passaram a dispor de menos 47 comboios que faziam o trajeto rápido entre as 10:00 e as 17:00. Na Linha de Cascais circulavam 251 comboios por dia e agora circulam 204.

Tem sido prática corrente privatizar-se as empresas que dão lucro, permanecendo nas mãos do Estado apenas o que der prejuízo. Estas opções políticas, que seguem estratégias ideológicas, resultam no favorecimento de elites ultra-minoritárias que apenas engordam a sua riqueza e o seu poder de influência, gerando, no lado oposto, o aumento do número de pobres e excluídos.

Alienando-se o Estado das duas empresas lucrativas, é natural que depois se argumente que "não há dinheiro" para os assuntos sociais, nomeadamente para a Segurança Social, a Escola Pública e o Serviço Nacional de Saúde. 

Mas atenção: é claro que há sempre dinheiro para salvar empresas e bancos privados arruinados por má gestão e corrupção!

À custa do bem comum, a supressão de comboios vem facilitar o caminho da privatização. Reduzir o número de comboios é apenas mais uma das muitas medidas que compõem uma estratégia geral. 

Daqui resulta que, por um lado, vai-se intencionalmente degradando a qualidade dos transportes públicos de modo a que as populações se revoltem contra o serviço prestado (como se ele fosse mau por pertencer ao Estado). Para a formação dessa impressão coletiva são decisivos os meios de comunicação social, vassalos dos interesses da classe dominante, que tratam de intoxicar as opiniões das populações praticando desinformação e propaganda ideológica. 

Por outro lado, sobre os futuros compradores da CP não recairá a culpa da decadência do serviço prestado. Menos comboios significam menos despesa e mais lucro. Tampouco os donos privados da CP serão acusados de gananciosamente terem subido o preço dos bilhetes, porque o governo também já tratou de os aumentar. E muito!

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