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sábado, 5 de novembro de 2011

Com estêncil ou à mão livre?


Há vários modos de realizar Arte Urbana. Se bem que não seja o único, pintar paredes é um desses modos. Neste âmbito, há duas maneiras clássicas de usar a tinta: pintando à mão livre ou recorrendo ao estêncil. Ambos apresentam vantagens e desvantagens.


Num caso e noutro exige-se domínio dos meios operativos, especialmente das latas aerossois. Há o mito de que quem usa estênceis não precisa de saber manipular as latas, mas quem se aventurar por esta técnica rapidamente compreenderá que não pode prescindir de um domínio mínimo.
No entanto, desenhar à mão livre é claramente mais exigente do que usar estênceis, é praticamente impossível fazê-lo se não se tiver grande intimidade com as latas, se não se conhecer as suas diferentes pressões e a grande variedade de difusores e os modos de os utilizar.


A vantagem mais evidente na opção do estêncil é a qualidade da imagem manter-se constante, ao detalhe, mesmo se executada sob grande pressão. E como sabemos a rua frequentemente exige muita pressa. Mas isto implica um meticuloso trabalho prévio de desenho e corte do estêncil que pode consumir várias horas.


Além disso o estêncil apresenta desvantagens a considerar: precisa de estar à mão, ou seja, se sairmos de casa sem ele não podemos pintar caso surja uma oportunidade inesperada.


Ao precisar de ser transportado pode aparecer demasiado visível e denunciador das intenções de quem o leva. E quanto maior o estêncil, mais chama a atenção e mais desconfortável é levá-lo. Aliás, pode mesmo ser impossível fazer desenhos grandes porque simplesmente não cabem debaixo do braço. Uma maneira de tentar contornar esta limitação é usar cartão canelado em rolo onde cabem desenhos com até um metro de largura e vários de comprimento/altura, podendo depois esse cartão ser enrolado e mais facilmente transportado. Ou então divide-se uma imagem gigante em várias partes planas que se juntam na montagem final, mas este método implica transportar grande quantidade de cartões e um desafio (por vezes difícil e demorado) aquando da aplicação sobre a parede.


Ao ser usado, um estêncil fica sujo de tinta e não pode ser guardado logo a seguir, o que é outra limitação imposta por esta técnica.


Quem não usa estênceis apenas precisa de transportar as latas, tão simples quanto isso. Elas transportam-se bem, são leves, estão sempre prontas para expelir tinta e após o uso guardam-se rapidamente. Há mesmo quem ande sempre com uma latinha na mala, estando assim pronto para actuar a qualquer momento.


Tratando-se de pinturas clandestinas, não convém pintar à vista das pessoas. Se aparecer alguém enquanto decorre a intervenção, pode-se interromper a qualquer momento e retomar logo que for conveniente. Um desenho grande pode assim ser realizado às prestações, ficando concluído após várias paragens e retomas. Isso é fácil se se pinta à mão livre. Se optarmos pelo estêncil, precisamos de o afastar da parede caso alguém apareça e, quando quisermos retomar a pintura, perderemos tempo a colocá-lo de volta exactamente na mesma posição. E na penumbra da noite, essa tarefa pode ser bastante dificultada.


Se chover, pintar à mão livre é muito mais vantajoso do que andar com estênceis atrás, porque os cartões que habitualmente os constituem deformam-se e/ou desfazem-se com a água.


Na nossa opinião, tendo em conta as vantagens e desvantagens de pintar com e sem estênceis, consideramos que o ideal é dominar ambas as técnicas e, conforme a conveniência, saber aplicar uma ou outra.

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