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sexta-feira, 7 de fevereiro de 2014

Graffiti: 2.000 anos de repressão


"Poderia também ter tido um feliz desenlace. Fosse como fosse, Quintus era o filho de um escravo e dava aulas aos dois filhos do senador. Isso constituía uma grande honra, apesar de raramente ambos terem vontade de ter aulas. Quintus não foi ensinado pelo seu pai - pelo menos oficialmente. Mas aquilo que aprendeu de maneira extra-oficial bastou-lhe para saber ler e escrever. Claro que ninguém devia saber que Quintus praticava com o estilete. No entanto, como jovem escravo ia muitas vezes à cidade e aí praticava nas paredes, sobre as quais já se tinha escrito bastante.

Desde as revoltas de escravos, a polícia vigiava por toda a parte. Por isso nunca escreveu o seu verdadeiro nome. «Quis», ou simplesmente «Q»; era isto que se podia ler por toda a cidade. A sua letra tinha adquirido um aspeto cada vez mais oficial e Roma interrogava-se «quem» era esse «alguém». Quando o apanharam, não só tinha um estilete, mas também tinha um cinzel debaixo da toga. Depois disso nunca mais se voltou a saber nada dele."

in STAHL, Johannes, Street Art, [Potsdam] : H.F. Ullmann, 2009.

quinta-feira, 6 de fevereiro de 2014

Guerrilla Fictions


“In such a society as ours the only possible chance for change, for mobility, for political, economic, and moral flow lies in the tactics of guerrilla warfare, in the use of fictions, of language.”

Kathy Acker

quarta-feira, 5 de fevereiro de 2014

Cold Winter Nights

Na noite fria, um pouco de bombing fortalece os músculos e expressa a convicção de que o mundo será melhor, mais livre e solidário.

terça-feira, 4 de fevereiro de 2014

Mais milionários ainda mais milionários


Aquilo a que cinicamente se chama "crise", deveria ser definido como:
"momento histórico da transferência dos recursos de quem tem pouco para a minoria que já tem muito".

Porque é disso que se trata. O capitalismo vive da concentração excessiva da riqueza por parte de uma classe dominante ultraminoritária que explora a maioria. 

Estruturalmente o capitalismo é injusto. E para a maioria das famílias é cruel.

Um relatório do credível banco suíço UBS, indica que no espaço curto de apenas um ano, de 2012 a 2013 (e apesar da chamada "crise") o número de multimilionários em Portugal (indivíduos com fortunas superiores a 25 milhões de euros) aumentou 10,8%. São mais 85 pessoas, totalizando agora 870. 

Em apenas um ano, Portugal viu crescer não só o seu número de multimilionários, como também o valor global das suas fortunas: totalizam já 75 mil milhões de euros!

A classe dominante vive muito acima das suas próprias possibilidades. E também muito acima das nossas. Somos nós que sustentamos quem nós deixamos que nos roube.

Enquanto há milhões que passam fome, e/ou se vêem obrigados a sobreviver na indignidade e/ou a separar-se dos amigos e da família (emigração), há uma ultraminoria de pessoas que adquiriu ilicitamente uma riqueza de que não precisa, e de que nunca poderá humanamente usufruir. Nem mesmo se estas pessoas vivessem mil anos!

Não há justiça nesta irracionalidade. E é intolerável!

segunda-feira, 3 de fevereiro de 2014

O novo modelo mundial: o capitalismo de Estado



 "A Europa perdeu centralidade geopolítica e geoeconómica. [...]

[...] competindo com países como a China (membro da OMC desde dezembro de 2001) onde a taxa de exploração é imbatível e os padrões sociais e ambientais muito baixos, a UE nunca conseguiria ser bem sucedida. [...]

Vivemos numa era que é a da empresa transnacional, que leva a um certo grau de transnacionalização das burguesias e de internacionalização do seu poder. [...]

[...] Reportando-se a dados de junho de 2011, [...] as empresas estatais ou controladas pelo Estado representam na China 80% do valor do mercado bolsista deste país, na Rússia 62% e no Brasil 38% (índice de bolsa de valores da MSCI Inc).

Em todo o caso, a propriedade e o controlo estatal de sectores estratégicos é fundamental mas não é suficiente, pode ser uma vantagem para o desenvolvimento da economia nacional sem que isso signifique justiça social. É o caso dos emergentes.

A situação é mais gritante na China, [...] apesar da bandeira vermelha a riqueza de uns resulta de uma gigantesca taxa de exploração sofrida pela imensa maioria de chinesas e chineses. [...] a elétrica China Three Gorges Corporation entrou na privatização da EDP portuguesa com particular interesse de entrar no mercado elétrico brasileiro (EDP Brasil é detida a 51% pela EDP).

O desenvolvimento do capitalismo permitiu a ascensão do chamado “capitalismo de valores asiáticos”. O modelo que tem raízes no pragmatismo de Deng Xiaoping, mas os frutos desse sucesso do capitalismo autoritário emergem agora. Em síntese, a emergência da China prova o sucesso deste modelo que combina um Estado autoritário com o regime capitalista. Um modelo que, afinal, é mais capitalista que asiático."

Bruno Góis (recomenda-se vivamente a leitura do artigo inteiro)

domingo, 2 de fevereiro de 2014

The Senses We Have Lost or Never Attained

“We need another and a wiser and perhaps a more mystical concept of animals. Remote from universal nature and living by complicated artifice, man in civilization surveys the creature through the glass of his knowledge and sees thereby a feather magnified and the whole image in distortion. We patronize them for their incompleteness, for their tragic fate for having taken form so far below ourselves. And therein we err, and greatly err. For the animal shall not be measured by man. In a world older and more complete than ours, they move finished and complete, gifted with the extension of the senses we have lost or never attained, living by voices we shall never hear. They are not brethren, they are not underlings: they are other nations, caught with ourselves in the net of life and time, fellow prisoners of the splendour and travail of the earth.”

Henry Beston (The Outermost House: A Year of Life On The Great Beach of Cape Cod)