«A minha lembrança mais viva dos dois anos que vivi na ilha de Bali, na Indonésia, (...), é a instabilidade das coisas, que pode muito bem ser o resultado da ameaça sempre presente da erupção vulcânica (anualmente, em Bali, verificam-se cerca de oitocentos pequenos sismos e doze grandes). Uma vida que se baseia na mudança e no efémero é subtilmente condimentada.
(...)
Pensem na última vez que tiveram uma experiência efémera, fugaz. Pode ter sido um espectáculo em directo na televisão, que foi divertido apenas porque o inesperado podia acontecer e aconteceu, ou um concerto que não foi gravado e nunca mais poderá ser repetido. A bela paisagem que não fotografaram talvez tenha ficado mais fortemente retida na vossa mente do que aquelas que tentam parar no tempo. O sabor picante e único do irrepetível pode ser a razão de os Balienenses, com frequência, passarem muito tempo a construir complicados arranjos de oferendas com fruta, flores e alimentos, que levam para os templos e que durarão escassas horas ou dias, em vez de esculpirem uma estátua de pedra que resistiria séculos. Quando tudo é transitório, é a vida que se torna duradoura.»
Victor Papanek
1 comentário:
Dalai, as palavras do Papanek refletem o efeito inimaginável na ação da sua arte! Como tudo é tão efêmero, tão passageiro...
E como incansável é você com suas tintas! Adoro sua persistência, sua vontade de colorir a vida!
Avante! Isso é só para os bons, os escolhidos!
Beijo grande no seu coração, amigo.
Bom domingo! Boa semana.
Felicidade!
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