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quinta-feira, 2 de outubro de 2014

26,5% desempregados em Portugal


"Juntemos à contabilização oficial do número de desempregados os «desempregados ocupados», que frequentam cursos de formação profissional e programas de emprego (modalidades que não se traduzem na integração directa no mercado de trabalho); os «inactivos desencorajados», que estando ou não disponíveis para trabalhar, se encontram desempregados (já não sendo, porém, contabilizados enquanto tal); e o número de «activos expatriados», que expressa a sangria migratória de população activa, acumulada ao longo dos últimos anos.

Se considerarmos todas estas situações (porque efectivamente o são) como reveladoras da verdadeira dimensão da exclusão de activos do mercado de trabalho, começamos a lidar com valores mais realistas da taxa de desemprego, que passa a fixar-se nos 26,9% (primeiro trimestre de 2013) e em 26,5% (segundo trimestre de 2014). Isto é, a suposta descida recente do desemprego - que segundo o governo constitui um sinal inequívoco da «retoma», do «crescimento» da economia e, consequentemente, do «sucesso» do «ajustamento» - passa a ser de apenas 0,4 pontos percentuais, em vez dos 3,6 pontos percentuais que os números oficiais sugerem.

Aliás, quando analisamos a evolução do peso relativo de cada uma das situações consideradas, percebemos ainda melhor como se constrói o embuste formal em torno da taxa de desemprego: em Junho de 2011, os «desempregados ocupados», os «inactivos desencorajados» e os «activos expatriados» representavam cerca de 26% do desemprego aqui estimado. Em Março de 2013, este conjunto de situações já assumia um peso relativo de 37% e, em Junho de 2014, atinge os 50%. Ou seja, metade dos desempregados (nos termos do seu apuramento efectuado) não são oficialmente contabilizados enquanto tal."

Nuno Serra

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