sábado, 17 de outubro de 2015
Perversity, Futility, Jeopardy
"Num livro editado já há uns bons anos entre nós com um título diluído, O Pensamento Conservador, o saudoso economista político Albert Hirschman analisou “a retórica da reacção”, indicando que esta tipicamente tem assumido ao longo da história contemporânea três modalidades argumentativas mais ou menos complementares: perversidade – a mudança produz consequências contrárias às pretendidas –, futilidade – no fundo, nada muda – e risco – a mudança tem consequências negativas em ganhos anteriormente obtidos.
Face à possibilidade de um governo apoiado pelas esquerdas, na retórica da reacção lusa, e para lá da irracionalidade, tem dominado a modalidade do risco, seguida pela da perversidade. Entretanto, começo a notar que, aqui e ali, a modalidade da futilidade vai fazendo o seu caminho: é muito menos provável que as coisas mudem, ou, melhor, que a direcção das coisas mude no essencial, do que mudem aqueles que querem mudar a direcção das coisas, afiançam. Dado o seu conhecimento das objectivas estruturas de constrangimento europeias e dos seus efeitos, estou em crer que é nesta modalidade que os sectores mais ilustrados da sabedoria convencional, reaccionária ou não, irão cada vez mais apostar e é nesta modalidade que as nossas atenções devem estar mais seriamente concentradas."
João Rodrigues
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