«O terreno que se impõe é o do social, o único que pode voltar a dar crédito à esperança europeia e desembaraçá-la da ganga monetarista que ameaça condená-la. A Europa inventou o Estado providência. Como em nenhuma outra parte do mundo, os cidadãos europeus beneficiam de uma pensão de velhice, de um seguro-doença, de ajudas à família, de um fundo de desemprego, assim como de prerrogativas do direito do trabalho. Esse arsenal de garantias socio-económicas, conquistado pelo movimento operário, constitui o âmago da civilização europeia moderna. No fundo, é isso que distingue a União Europeia de outras áreas geopolíticas e, principalmente, dos seus concorrentes económicos americanos e japoneses.
A lógica da mundialização e do livre-comércio planetário impele a alinhar os salários e a protecção social pelos valores, muito inferiores, praticados nos países concorrentes da região Ásia-Pacífico. Em nome da eficácia económica e correndo o risco de quebrar a coesão nacional, estarão os governos europeus dispostos a prosseguir a desconstrução do edifício social?
(...)
Por toda a parte, os cidadãos interrogam-se sobre o interesse de construir a Europa sobre as ruínas do Estado providência, a regressão social, a escassez de emprego, o elevado custo do dinheiro, a queda dos salários; eles se perguntam onde está o progresso em tudo isso.»
Ignacio Ramonet
1 comentário:
Isso está brutal como sempre. Abraço
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