"A CP Carga só apresenta um resultado líquido negativo (quando apresenta, pois em 2014 este até foi positivo por razões conjunturais relacionados com a «venda» dos terminais de mercadorias), por duas razões principais:
- Porque os ganhos de competitividade, ambientais, energéticos e na preservação da rodovia não transparecem no balanço;
- Porque na criação da CP Carga o Governo optou por não transferir as locomotivas para os seus ativos, impondo-lhe que alugasse estas locomotivas à CP por um valor que atingiu os 18,7 milhões em 2014.
O Governo admite agora passar essas máquinas para a CP Carga, gerando «poupanças de 14,3 milhões». É uma atitude típica deste Governo: a medida que recusou à empresa pública é prometida à empresa privatizada. Assim se demonstra que os saldos negativos nas empresas públicas são provocados intencionalmente, e que as medidas de apoio às empresas passam a ser possíveis assim que se passa a falar de apoiar a mesma empresa privatizada. E aquilo que o público perde, e ganha um qualquer privado, passa a chamar-se «poupança».
Com efeito, sempre que a exploração é privada o Estado assume o custo com o material circulante: no Metro do Porto é a empresa pública que paga o material circulante que o subconcessionário privado explora gratuitamente; no Metro de Lisboa, no Caderno de Encargospara a sua subconcessão, mantém igualmente os custos com o material circulante na empresa pública dando ao subconcessionário privado a utilização gratuita de todo o material circulante. Só mesmo a CP, que é pública, e a CP Carga, enquanto for pública, assumem os custos com o material circulante que utilizam.
Por outro lado, chegam-nos igualmente preocupações para com esta privatização vindos de muitos dos clientes da CP Carga (como o governo seguramente conhece), naturalmente preocupados com a perspetiva de degradação da qualidade, da oferta e com um mais que previsível aumento de preços."
Bruno Dias (deputado na Assembleia da República pelo Partido Comunista Português)
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