É mais difícil para a classe dominante impor uma destruição das conquistas históricas da geração anterior. A rutura da coesão social é muito perigosa para o capitalismo. É difícil que se inicie um incêndio social, mas depois de começar, é muito mais difícil controlá-lo. Porque fica mais ou menos claro, rapidamente, que se trata de uma regressão social. Nenhuma sociedade mergulha em decadência sem que haja resistência, portanto, luta social. A psicologia social não opera da mesma forma, nos mesmos ritmos, que a psicologica dos indivíduos. Na dimensão pessoal, qualquer ser humano pode desistir de lutar em defesa de si mesmo, e fá-lo, rende-se, quebra. Está desgastado pelo cansaço ou pelo desânimo, até pela desilusão. As classes sociais não. As classes têm de lutar. Sempre lutam. A maior parte do tempo resistem, e só um setor mais ativo avança. E este setor que vai na dianteira da luta sente-se, incontáveis vezes, frustrado ou abatido, porque sabe que luta pelos outros, luta por todos, no lugar dos que não se movem, não arriscam. É comum que este desenvolvimento desigual das mobilizações gere um certo desespero da vanguarda.
Porque as amplas massas não lutam com disposição revolucionária de vencer, a não ser excecionalmente. Mas quando surge esta disposição ela é a força social-política mais poderosa da história."
Valério Arcary
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