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quarta-feira, 16 de setembro de 2015

Lutar por todos, resistir e vencer!

"As sociedades urbanizadas têm menor tolerância à perda de direitos do que as sociedades periféricas de economias ainda agropecuárias. Urbanização significa industrialização, portanto, peso social dos assalariados em todas as atividades e ramos. Significa maior complexidade produtiva, portanto, uma parcela maior dos setores médios. E significa escolaridade mais elevada. Nesse contexto social, encontraremos menos ilusões de que os sacrifícios de hoje terão recompensa no futuro. As classes trabalhadoras com maior escolaridade têm menos paciência. Isso é assim porque a capacidade de expressar de forma independente os seus interesses é maior.

É mais difícil para a classe dominante impor uma destruição das conquistas históricas da geração anterior. A rutura da coesão social é muito perigosa para o capitalismo. É difícil que se inicie um incêndio social, mas depois de começar, é muito mais difícil controlá-lo. Porque fica mais ou menos claro, rapidamente, que se trata de uma regressão social. Nenhuma sociedade mergulha em decadência sem que haja resistência, portanto, luta social. A psicologia social não opera da mesma forma, nos mesmos ritmos, que a psicologica dos indivíduos. Na dimensão pessoal, qualquer ser humano pode desistir de lutar em defesa de si mesmo, e fá-lo, rende-se, quebra. Está desgastado pelo cansaço ou pelo desânimo, até pela desilusão. As classes sociais não. As classes têm de lutar. Sempre lutam. A maior parte do tempo resistem, e só um setor mais ativo avança. E este setor que vai na dianteira da luta sente-se, incontáveis vezes, frustrado ou abatido, porque sabe que luta pelos outros, luta por todos, no lugar dos que não se movem, não arriscam. É comum que este desenvolvimento desigual das mobilizações gere um certo desespero da vanguarda.

Porque as amplas massas não lutam com disposição revolucionária de vencer, a não ser excecionalmente. Mas quando surge esta disposição ela é a força social-política mais poderosa da história."

Valério Arcary

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