"Uma das questões possivelmente chave na crise europeia é que a chantagem de perder a poupança, ou de ter que restituir a casa própria tem tido um efeito muito poderoso. Os governos do Mediterrâneo estão a tentar apagar o fogo com gasolina. Esta chantagem tem duas caras: pode elevar a disputa para um patamar muito mais elevado. Uma mudança abrupta da relação de forças entre as classes, nestas condições de crise, terrivelmente desfavorável para os assalariados, é muito complicada. Mas não duvidemos um minuto. Bruxelas não está a brincar. [...] A troika decidiu morder na jugular.
Há uma ameaça explícita, uma espada de Dâmocles sobre a cabeça de Gregos, Espanhóis, Portugueses e os infelizes de Chipre. A troika e os seus defensores fazem uma intimidação. Se romperem com a UE, perderão os imóveis porque não poderão pagar a dívida em euros, porque haverá um retorno a uma moeda inflacionada. É um ultimato. Como a maioria dos ultimatos, é uma cortina de fumo para esconder uma bravata. Porque sabem que os bancos têm muito mais a perder. O sistema financeiro europeu iria à falência sincronizada. Bing, Bang, Boom! O euro não sobrevive sequer à saída de um só Estado. Nem um só. Um só país que saia do euro é uma facada mortal no coração do Banco Central Europeu. Em Frankfurt, é isso que eles mais temem."
Valério Arcary
Sem comentários:
Enviar um comentário