SÊ BEM-VINDO ! SÊ BEM-VINDA ! YOU ARE WELCOME !

sexta-feira, 4 de maio de 2018

Voz minoritária e dissidente


"Havendo uma concepção mais consensual dos usos e significados atribuidos ao habitat, partilhada pela maioria, poderíamos certamente afirmar, sem receio de criar polémicas, que o graffiti interpreta uma voz minoritária e dissidente na cidade polifónica. O discurso oficial e dos média, que geralmente encontra eco no cidadão comum, tendem a catalogar o graffiti como vandalismo, ou seja, uma agressão, uma violência exercida sobre a cidade e, por extensão, sobre a sociedade. Uma incisão na corporeidade da sociedade que atinge o âmago da sua alma colectiva. Fazer graffiti implica, portanto, não apenas um ataque à materialidade ordenada do espaço mas, e mais grave, àquilo que de mais profundo reconhecemos numa comunidade humana: o significado do mundo. Daí a incompreensão e repressão que atingem o graffiti, pois este quebra convenções, abala convicções e a harmonia do lugar, tal como é entendido pelo discurso dominante. Não por acaso, é considerado sujo, desprovido de senso, simples poluição."

Ricardo Campos

Sem comentários: