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quinta-feira, 14 de junho de 2018

O tenente-Napoleão


"[...] o general, o ministro, o subordinado, a senhora elegante, o aprendiz de vendas. Todos os homens ansiavam de alguma forma, tanto os mais espertos como os mais imbecis, por algo que os ultrapassasse a si mesmos e a todo o possível, inflamados por imagens, obcecados por concepções, e atraídos por ideais. Não há tenente que não transporte em si a imagem de Napoleão, nem Napoleão que por vezes se não considere um macaco, os seus êxitos como moedas de brincar e os seus projetos pura ilusão. Não houve ninguém que não participasse neste bailado, nem ninguém que, em algum momento, não tivesse vislumbrado por alguma frincha a percepção desta ilusão. Por certo que houve gente perfeita, houve pessoas divinas, houve um Buda, e houve um Jesus, e houve um Sócrates. Mas também eles foram perfeitos e inteiramente repassados pela sabedoria plena num só momento, o momento da sua morte. A sua morte não foi outra coisa que o último entranhar da sabedoria, como derradeira entrega, enfim efetivada. E, provavelmente, cada morte possuía esta mesma finalidade, provavelmente cada moribundo era alguém que atingia a sua plenitude, que depunha o engano da ansiedade, que se entregava, que nada mais pretendia ser."

Hermann Hesse

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