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sexta-feira, 23 de maio de 2014

VOTAR À ESQUERDA


"O Memorando de Entendimento assinado em 2011 com a Troika [...] serviu para disfarçar de «ajuda financeira externa a um país em dificuldades» um empréstimo bancário muito condicionado a políticas orçamentais de reconfiguração do Estado (amputando as suas dimensões sociais e os serviços públicos) e do trabalho (cortando empregos, direitos e salários, precarizando e forçando tantos desempregados à emigração).

Este programa tipicamente neoliberal, que nem deixou de fora as privatizações de empresas e sectores lucrativos, permitiu ao sistema financeiro internacional transformar uma crise bancária e financeira numa crise de dívidas dos Estados. Mesmo países como Portugal, que antes da crise iniciada em 2008 não tinham grandes problemas de dívida pública, caíram na armadilha. [...]

O programa de ajustamento neoliberal do Memorando [...] não foi uma intervenção limitada no tempo [...]. Os constrangimentos inscritos nos tratados europeus, em particular no Tratado Orçamental, e as intocadas regras institucionais e monetárias, dão a qualquer governo argumentos para manter e agravar durante anos as políticas de austeridade, de ataque ao Estado social e ao trabalho. Se a isto juntarmos o garrote da dívida pública, formatada para ser insustentável e garantir a asfixia permanente, temos todas as condições para que Portugal, crescentemente inserido nos mecanismos financeiros da Europa e da globalização, ambas neoliberais, tenha sido atirado, com ou sem visitas regulares da Troika, para uma trajectória duradoura de endividamento e empobrecimento.

[...]

Se não for agora que a esquerda, que todas as esquerdas, se empenhem em deter este empreendimento criminoso e substituí-lo por políticas que promovam a justiça social, quando será? Quando as regras de saída das crises já nada quiserem com o jogo democrático?"

Sandra Monteiro

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