domingo, 24 de maio de 2015
Elogio dos sindicatos
"Já que toda a gente se mostra preocupada com o enorme crescimento das desigualdades, por que é que esta análise do Fundo Monetário Internacional (FMI) passou despercebida [1]? Terá sido por causa das suas conclusões? Num estudo apresentado em Março último, dois economistas oriundos deste templo do liberalismo salientam «a existência de uma ligação entre a queda da taxa de sindicalização e o aumento da parte dos rendimentos mais elevados, nos países avançados, durante o período 1980-2010». Como explicam eles esta ligação? «Reduzindo a influência dos trabalhadores nas decisões das empresas», o enfraquecimento dos sindicatos permitiu «aumentar a parte dos rendimentos constituída pelas remunerações dos altos dirigentes e dos accionistas».
Segundo estes economistas do FMI, «cerca de metade» do aprofundamento das desigualdades que os liberais tradicionalmente preferem atribuir a factores impessoais (globalização, tecnologias, etc.) decorreria do declínio das organizações dos trabalhadores. Será isto surpreendente? Quando o sindicalismo, ponto de apoio histórico da maior parte dos avanços emancipadores, se apaga, tudo se degrada, tudo se fragmenta. A sua anemia só pode agudizar o apetite dos detentores do capital. E a sua ausência só pode libertar um espaço que é de imediato invadido pela extrema-direita e pelo fundamentalismo religioso, dedicando-se ambos a dividir grupos sociais cujo interesse seria mostrarem-se solidários."
Serge Halimi
"Why has a new report by the International Monetary Fund (1) gone mostly unremarked, given current concern about the widening inequality gap? The report, by Florence Jaumotte and Carolina Osorio Buitron, economists from this temple of neoliberalism, finds that “lower unionisation is associated with an increase in top income shares in advanced economies” between 1980 and 2010. They explain this correlation: “Weaker unions can reduce workers’ influence on corporate decisions that benefit top earners” and “increase the income share of corporate managers’ pay and shareholder returns.”
According to the report, “around a half” of the inequality gap, which neoliberals prefer to attribute to factors such as globalisation and technology, might result from the decline in labour organisations. It’s hard to be surprised. Unions have historically played a key part in the achievement of most freedoms, so their weakening can only sharpen the appetite of those who hold capital. And their disappearance creates a void quickly filled by the far right and religious fundamentalism, which divides social groups with interests that need solidarity."
Serge Halimi
(1) “Power from the people”, Finance & Development, vol 52, no 1, Washington, DC, March 2015.
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