"Esse tipo de concepção animista (e ontológica) no (e sobre) o mundo globalizado define uma das linhas mestras da produção das artes naquilo que ela traz de perene: a impressão que se renova, o debate em aberto, o mundo de problemas que se agita, a marca das formas, do cheiro, da tactibilidade, de um movimento contínuo algures entre o efémero e o inesgotável.
É esse, no fundo, o discurso das artes. E é essa, também, a justificação da História-Crítica da Arte, cuja vitalidade reside, afinal, na persistência de um afã criativo que se preserva desde há cerca de 30.000 anos, buscando sentidos, afinal, para os mesmos problemas: a vida e a morte, o mistério da existência, o diálogo com o espiritual e o inefável, a busca de consensos entre os elementos, a pesquisa sobre o amor, o exercício do poder, a possibilidade de indagação, de protesto ou de síntese. A pintura, a escultura, as artes decorativas, as instalações, as artes do espectáculo, a efemeridade das solenidades rítmicas, os contornos do mundo da magia, sempre nos falaram desses temas. Desde a arte pré-histórica, passando pela Idade Média e a arte do tempo dos Descobrimentos e dos seus impérios coloniais [...]"
Vítor Serrão
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