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Em primeiro lugar, é nosso ponto de vista que o espaço público pertence a todos. Não apenas às empresas de publicidade que agressivamente nos bombardeiam exaustivamente procurando impor modelos identitários a seguir. Não apenas aos construtores de prédios de arquitectura feia mas rentável do ponto de vista económico, os chamados 'mamarrachos'. Não apenas à incultura e despreparação dos executivos camarários que promovem alterações urbanísticas de critério duvidoso, muitas vezes bloqueando à vista a paisagem, impondo trajectos aos veículos, ao corpo e aos olhos. Fundamentalmente, é nosso princípio que o espaço público, em democracia, pertence não apenas aos poderes económicos e políticos mas principalmente ao cidadão comum.
Neste sentido, o espaço público deve ser usado sem reservas. Todas as intervenções que ali acontecem são da autoria das pessoas e a elas se destinam. A rua enaquanto espaço colectivo é um lugar de debate, de troca de pontos de vista, de contradições, de expressão do Belo mas também do questionamento desse e de outros conceitos. Os espaços públicos são, por excelência, os lugares onde acontece a democracia. Os poderes políticos, subordinados aos poderes económicos, desejariam transformar as ruas em não-lugares, em meros corredores inócuos entre duas catedrais de consumo, ou elas próprias, as ruas, serem também locais de consumo. Mas a rua é mais do que isso. É preciso defender o seu carácter múltiplo, como campo aberto no exercício de infinitas cidadanias.
Por isso pinta-se nas ruas. Por isso o que se acabou de pintar adquire imediatamente a força da obra de arte exposta sem intermediários, lugares de culto próprios ou restrições de qualquer espécie. O que é, é. Está logo ali, exposto à mecânica do visível. Para ser fruído por todos, sem discriminações nem necessidade de comprar bilhete de acesso.
1 comentário:
Brutal, venho todos os dias sem esceção ao teu blog :) é bom saber que andas sempre activo, agora tambem comecei a usar mais stencils.. tu pintas todos os dias? continua abraço ;D
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