A visão televisiva que dá como incontornável a vinda do FMI é um atentado à democracia (na medida em que procura determinar de antemão o programa do próximo governo, independentemente do que os cidadãos portugueses venham a decidir nas eleições de 5 de Junho) e à soberania do nosso país (porque, com a ajuda dos capatazes nacionais, esse programa é cozinhado por banqueiros estrangeiros).
O momento histórico que vivemos é grave. Para quem ainda não percebeu, a ingerência da troika externa (BCE, FMI e CE) com a actuação conivente da troika interna (PSD, PS e CDS-PP) vem procurar roubar os recursos do nosso país e o resultado do nosso trabalho. Agregado ao empréstimo está a imposição de um conjunto de medidas que procura obrigar o país a transformar-se num feudo ultraliberal. Procuram regular os tempos da nossa existência, sobrecarregando as nossas horas de trabalho em detrimento dos tempos do lazer e do descanso. Mas mais do que isso, o que se está a preparar é um ataque brutal aos direitos adquiridos por décadas de luta, procurando tornar impossível a realização de projectos de vida, em razão de se estar a tentar impor um modo de existir crescentemente precário.
Estamos num momento decisivo da nossa história. Enfrentam-se em combate dois modelos de sociedade: um que ainda se pretende democrático, livre e solidário. Outro que acentua a diferença entre ricos e pobres, que condiciona o exercício da democracia e os direitos de cidadania ao poder económico, que relega o mitigar das diferenças sociais à prática cínica e insuficiente da caridadezinha. Está em causa resistir a uma nova ordem mundial, ultraliberal, que, nação a nação, deseja impor os seus dogmas apresentando-os como inevitáveis.
Nada é inevitável. Tudo se transforma, tudo se constroi. O tempo é de resistência e luta. É impossível não assumires uma posição.
Por fim, para quem o quiser ver, fica o vídeo em versão Vimeo e versão Youtube. É escolher:
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