"O estilo pessoal é também a maneira de aplicar, ou não, os princípios estéticos, teóricos e morais que constituem o estilo plástico da primeira Renascença de Masolino, Masaccio, Donatello, Alberti. O estilo torna-se o modo de olhar, o modo de ver e de representar de quem pinta. É inventado o “local de onde se vê”, de onde se “tem uma perspectiva”, de onde se “ganha distância” relativamente aos objectos representados. Com a perspectiva linear, a importância desloca-se dos objectos para o sujeito de observação. Na perspectiva linear prevalece a importância do ponto de vista. O sentido da visão é sobrevalorizado relativamente às sensações tácteis ou auditivas. Com a perspectiva linear, como com a literacia, o sentido da visão é o sentido do conhecimento.
Estamos perante outra historicidade, a do privilégio absoluto da visão no mundo moderno. Não me parece que seja por acaso que, depois da descoberta da perspectiva linear pictórica, frases como “ver as coisas em perspectiva”, ou “ter uma perspectiva de” sejam sinónimo de ver as coisas à distância, ou, mais simplesmente, pensar. E não é verdade que para a civilização ocidental desde os gregos, ver é já conhecer?"
Pedro Rosa Vieira Caldas
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