«A própria presença ou ausência de estruturas hierárquicas, de estratégias de defesa territorial, de agressão intragrupal, de competição masculina intra e intergrupal, depende fortemente das imposições do meio ecológico em que se inserem os grupos de Primatas. Se em espaços fechados de floresta equatorial com poucas ou nenhumas flutuações sazonais dos recursos alimentares, múltiplos pontos de abrigo e fraca pressão predatória, encontramos grupos sociais relativamente abertos, não territoriais, pouco agressivos e com a estruturação hierárquica quase ausente, como é o caso das pequenas sociedades tribais de Pongídeos africanos (gorilas e chimpanzés) — já em zonas de savana, onde as flutuações sazonais dos recursos se fazem sentir com rudeza, os pontos de abrigo são mais escassos e a pressão predatória é elevada, encontramos hordas numerosas fortemente hierarquizadas e agressivas, territoriais e com estratégias defensivas em relação aos inimigos externos, como é o caso das hordas de babuínos.
(...) modalidades adaptativas aos condicionalismos ecológicos: os langures de Hanuman do norte da Índia, que vivem em zonas protegidas, ricas em recursos e com fraca densidade populacional não demonstram sinais de agressividade inter ou intra-grupal, não demarcam nem defendem territórios, não estabelecem sistemas harémicos e existe mobilidade de grupo para grupo. A mesma espécie de langures, no sul da Índia, habita zonas semi-áridas, onde os bosques estão em recessão e os recursos alimentares e pontos de abrigo rareiam, obrigando a maior concentração das populações e maior competição: depara-se então com uma modalidade de organização social absolutamente oposta à acima referida, e isto na mesma espécie — defesa intransigente dos territórios, constituição de grupos harémicos onde um macho dominante controla agressivamente quatro ou cinco fêmeas, marginalização de machos «solteiros» para a periferia dos territórios, travando-se violenta competição pela conquista do harém, etc. Os antropo-etólogos, são lestos a extrapolar dos comportamentos agressivos dos peixes e das aves territoriais para o caso humano, tirarão destes dados da primatologia todas as conclusões que se impõem?»
(...) modalidades adaptativas aos condicionalismos ecológicos: os langures de Hanuman do norte da Índia, que vivem em zonas protegidas, ricas em recursos e com fraca densidade populacional não demonstram sinais de agressividade inter ou intra-grupal, não demarcam nem defendem territórios, não estabelecem sistemas harémicos e existe mobilidade de grupo para grupo. A mesma espécie de langures, no sul da Índia, habita zonas semi-áridas, onde os bosques estão em recessão e os recursos alimentares e pontos de abrigo rareiam, obrigando a maior concentração das populações e maior competição: depara-se então com uma modalidade de organização social absolutamente oposta à acima referida, e isto na mesma espécie — defesa intransigente dos territórios, constituição de grupos harémicos onde um macho dominante controla agressivamente quatro ou cinco fêmeas, marginalização de machos «solteiros» para a periferia dos territórios, travando-se violenta competição pela conquista do harém, etc. Os antropo-etólogos, são lestos a extrapolar dos comportamentos agressivos dos peixes e das aves territoriais para o caso humano, tirarão destes dados da primatologia todas as conclusões que se impõem?»
Luis Soczka
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