A antiga civilização egípcia produziu trinta séculos de arte, cuja unidade formal foi uma das de maior longevidade na história. Os seus soberanos eram divinizados tanto em vida como depois de mortos. Enormes templos foram construídos e a sua grandiosidade visava precisamente a glorificação dos deuses e do rei defunto divinizado. Túmulos suntuosos eram ricamente decorados com pinturas parietais vivamente coloridas e recheados com oferendas preciosas, religiosas e mágicas, elementos determinantes para garantir o conforto do falecido na sua viagem ao encontro do deus Osíris. Especialmente as mastabas e as pirâmides notabilizaram-se por albergarem os sarcófagos dos faraós em câmaras funerárias que eram muradas para que ninguém mais ali entrasse.
Pois foi disto tudo que nos lembramos quando, há poucos dias, deparamos com o fechamento completo desta fábrica desativada, em cujas paredes interiores, sem o antever, depositamos belas oferendas das quais um capitalista grande proprietário poderá usufruir durante a jornada do seu cadáver divino.
Com os seus interesses salvaguardados, sempre protegidos e isolados do mundo exterior, os atuais donos do mundo, os faraós abençoados pelo Deus-Capitalismo todo poderoso, regozijam-se neste momento rumo à opulência eterna.
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